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Foto do escritorKátia Boroni

ENTREVISTA LEANDRO MAUTONE

Atualizado: 22 de out. de 2020




Leandro Mautone vive entre o Brasil e a Itália. Já trabalhou em Oltremare por dois anos, e agora está trabalhando no Zoomarine, em Roma. Além de ter uma incrível experiência treinando e caçando com aves de rapina, é um feliz proprietário de uma águia dourada.

Filósofo

Mautone é formado em filosofia, e sua formação por incrível que pareça o auxiliou e ainda faz a diferença no seu trabalho. Um Brasileiro que vive entre a Itália e o Brasil aprendeu tudo o que sabe sobre a Falcoaria quando se mudou para a Itália em 2007. Porém sua paixão pela grande arte surgiu mais uma vez graças ao filme “O feitiço de Áquila” de 1985. Na época ele morava no Brasil e não encontrou informações sobre a falcoaria. Já morando na Itália, sua primeira ave foi um Gheppio Americano (falco sparverius). Hoje ele tem uma Águia dourada, de longe sua espécie favorita, mas como ele mesmo diz: “se eu fosse um falcoeiro ‘de verdade’, a minha espécie favorita seria o falcão peregrino hahaha”.

Falcoaria

Ele não teve grandes dificuldades em começar a sua trajetória na Falcoaria Italiana. Aprendeu tudo o que sabe trabalhando e indo ao campo:

“Quando fui trabalhar com a falcoaria comecei com controle de fauna, e depois eu entrei no parque para fazer as apresentações de voo. Eu aprendi muito com o trabalho que eu faço, nele eu voo águias, gaviões, corujas, falcões, Abutres e Avvoltoio que é um tipo de Urubu africano. No começo foi muito difícil, mas depois tudo passa, basta perseverar. É um trabalho gratificante e que me fez crescer muito.”

Para aprender ele considera que o mais importante é ir muito ao campo acompanhado de um falcoeiro experiente. Ele não acredita que apenas participar de grupos de discussão não é suficiente para aprender esta arte:

“No início a gente sempre tem o apoio de pessoas que estão dispostas a nos ajudar, e eu sempre ia ao campo na época de caça. Em minha opinião, está mais do que comprovado que este negócio de aprender falcoaria pelo telefone e whatsapp não é suficiente, é necessário ter prática: estar junto com pessoas que realmente entendem de falcoaria, ir ao campo, trocar experiências reais, tudo isso é o mais importante. E creio que ainda estou aprendendo esta nobre arte, nunca deixamos de aprendê-la, na verdade.”

Sua maior referencia na falcoaria é “el Maestro” Guglielmo di Ventimiglia, falcoeiro Italiano que é um exemplo de simplicidade e sensibilidade. No Brasil ele não conhece muitos falcoeiros, só acompanha de longe, mas admira muito o falcoeiro Alex Teixeira.

“A falcoaria por si só tem suas bases fundamentadas na filosofia venatória, ou seja, a caça. A falcoaria ao longo dos anos tem evoluído, tem se transformado, e não querendo nem ser tradicionalista nem progressista para não causar polêmica, eu ainda prefiro entender que o que eu faço no parque, por exemplo, não é falcoaria. No parque eu sou apenas um adestrador de aves de rapina, que usa técnicas de falcoaria. Em novembro quando a temporada de caça é aberta, ai sim posso dizer que sou um falcoeiro, mas ainda sim creio estar bem longe disso ainda.”

Ele acredita que o maior problema que enfrentamos no Brasil é a pequena quantidade de criadouros comerciais de aves de rapina, o que acaba prejudicando a nossa falcoaria. E é enfático ao dizer que é através do controle biológico que conseguiremos uma legislação que regulamente a Falcoaria no Brasil:

“Principalmente no Brasil, o controle biológico é um grande aliado para a “legalização” da falcoaria, porque não estamos tratando a falcoaria como caça. No nosso país as pessoas tem a tendência de associar caça com o tráfico de animais, o que é algo totalmente equivocado. Na Europa existem muitas pessoas que usam técnicas de falcoaria para fazer controle biológico, e eu creio que este trabalho é muito válido e importante.”

Sobre a educação ambiental, ele acredita ser de extrema importância, e é exatamente este o seu trabalho atual no Parque Zoomarine, que é semelhante a um Sea World de aves de rapina, porém mais educativo.


“Atualmente eu trabalho com a minha empresa de consultoria e projetos no Brasil e no Zoomarine aqui em Roma, na Itália. É um Parque Aquático com golfinhos, leões marinhos, focas, araras, e eu trabalho no setor das aves de rapina. Fazemos duas apresentações de voos por dia, treinamos os falcões, águia, corujas, e os marabus africanos (Leptoptilos crumeniferus), com os quais nunca tinha trabalhado, e estou gostando bastante da experiência."

A Falcoaria Italiana e Européia

A Falcoaria Italiana e a Europeia funcionam de uma maneira peculiar: sem muita teoria e tendo a vivencia como grande professora. São poucos os biólogos ou veterinários que se dedicam a esta arte na Europa, o oposto do que ocorre no Brasil:

“A falcoaria na Itália ou na Europa é feita por “leigos”: médicos, fazendeiros, administradores, trabalhadores do campo, enfim, a cada dez falcoeiros na Itália nenhum é biólogo ou veterinário (risos). As coisas aqui são baseadas na prática, ou melhor, no “olhometro” mesmo. Ninguém aqui conhece nome cientifico de nada, termos técnicos, ou pesa na balança a comida pra ver quantas gramas de carne a ave metabolizou. Não estou dizendo que tudo isso não seja importante, mas é assim que se faz na Europa.”


Águias Douradas

Mautone é um Aquiliere (Falcoeiro especializado em águias), como se diz na Itália, ou um Aguillero na españa. Seu primeiro contato com a águia dourada/real (Aquila chrysaetos) o marcou para sempre:


“Eu conheci a primeira águia real em um encontro de caça na Áustria, depois daquilo ali eu nunca mais fui o mesmo. Estudei, aprendi com um “aquilieri” experiente e adquiri a minha primeira águia real. Era uma fêmea de 5.700 kg com uma abertura de asa de mais de 2 metros, e o principal desafio foi administrar a sua agressividade”.

O treinamento de uma águia dourada é bem específico, e exige um alto conhecimento e dedicação constante. No início ele achou que as recomendações eram um pouco exageradas, mas logo ele percebeu que realmente é um grande desafio:

“Eu sempre digo aquilo que me disseram: treinar uma águia real é algo totalmente diferente de qualquer coisa no mundo da falcoaria. No começo eu pensava: “meu Deus que povo exagerado...”, mas quando eu comecei os trabalhos com a minha águia vieram as primeiras dificuldades. O mais difícil é a questão da agressividade e o controle de peso, mas acima de tudo na confiança que você precisa ter. Ou seja, a principal característica pra mim é a agressividade e a força nos artilhos, é um animal que não pensa duas vezes em te atacar, e é capaz de te causar sérios danos quando artilha.”

Treinamento das águias douradas

Ele explica brevemente como o treinamento desta espécie deve ser feito:


“Vou fazer uma comparação: As águias americanas, por exemplo, são águias difíceis de serem adestradas. É um animal que na natureza está sempre competindo, “brigando”, combatendo entre elas, e ela vai fazer o mesmo com você, vai brigar e combater para te mostrar que quem manda é ela. Suas asas são muito fortes, seu impacto equivale a um soco de um pugilista, tem um bico poderoso e garras potentes. É um trabalho cansativo já que é um animal que gosta de te desafiar todo dia. Estou falando sobre as características gerais, é claro que existem águias com boas características comportamentais, mas eu gostaria de frisar sobre a americana só pra se ter uma ideia da diferença. Se você não “enfrenta” uma águia americana, dificilmente você vai ter bons resultados com elas. Conheço de perto um grande aquilieri aqui na Itália, um espanhol que voa a águia americana do time da Lazio, e que treinou as águias em Portugal, ele é uma referência na Europa e ele sempre me diz: ‘Leandro, essas águias americanas são tremendas, se você demonstra medo elas comandam’.

Voltando ao assunto da Águia dourada, é um mundo totalmente diferente. Elas são animais extremamente agressivos e traiçoeiros. O Manejo é um dos principais pontos para quem quer adquirir uma águia dourada, e a paciência é primordial. Diferentemente da águia americana as águias reais não te avisam quando vão te atacar.

Existem várias técnicas para se treinar uma águia real, mas a base é adquirir um animal que nasceu de pais caçadores. São animais que precisam ser manejados todos os dias, e caçar com frequência. Eu sempre uso a técnica de um bom manejo, para depois iniciar com o processo de diminuição de peso. Mesmo nessa fase manter uma águia dourada com um peso alto pode atrapalhar o treinamento, porém isso depende de cada animal.

Eu acredito que assim como nós seres humanos somos diferentes, assim também são os animais. Eu posso ter a sorte de fazer um bom trabalho com uma águia ou falcão, como também posso fazer um trabalho não satisfatório, isso é algo normal no meio da falcoaria, cada animal tem sua particularidade, não funciona como matemática.”

Futuro

No momento ele está participando de um projeto para a construção de um oceanário no Brasil, onde haverá também um espaço dedicado às aves de rapina. E para os futuros falcoeiros ele nos deixa a seguinte recomendação:

“Estudem muito, perguntem sempre, perguntar nunca faz mal, e acima de tudo pratiquem. A teoria, os nomes científicos, etc são importantes, mas não te fazem um falcoeiro. Falcoaria se faz com a vida, não apenas com livros de ciência."

Interview Leandro Mautone


Leandro Mautone lives between Brazil and Italy. He has already worked in Oltremare for two years, and now he is working at Zoomarine, in Rome. Besides having an amazing experience training and hunting with birds of prey, he is a happy owner of a golden eagle.

Philosopher

Mautone has a major in philosophy, and his studies, even being different, helped him and still makes a difference in his work. A Brazilian, who lives between Italy and Brazil, has learned everything he knows about Falconry when he moved to Italy in 2007. But his passion for this great art arose, as usual, thanks to the film "Ladyhawk" 1985. At that time he was living in Brazil and didn´t find much information about falconry. Already living in Italy, his first bird was an American kestrel (falco sparverius). Today he has a golden eagle, by far his favorite specie, but as he says: "If I were a ‘real falconer’, my favorite species would be the peregrine falcon hahaha."

Falconry

He had no great difficulty in starting his way through Italian Falconry. He learned everything he knows working and going to the field:

"When I started working with falconry I started with wildlife control, and then I joined the park to do flight performances. I learned a lot from the work I do, in my job I fly eagles, hawks, owls, falcons, vultures and “Avvoltoio” which is a type of African Vultures. At first it was very difficult, but then everything gets better, you just need to persevere. It is a rewarding job and it made me grow a lot."

To learn it he thinks that the most important is going to the field very often, followed by an experienced falconer. He doesn´t believe that only participating in discussion boards is enough to learn this art:

"At the beginning we always have the support of people who are willing to help us, and I´ve always gone to the field during the hunting season. In my opinion, it's more than proven that this trend of learning falconry by forums and whatsapp is not enough, you need practice: be together with people who really understand falconry, go to the field, exchange real experiences, all of this is the most important. And I think I'm still learning this noble art, we never stop learning it, actually."

His greatest reference in Falconry is "el Maestro" Guglielmo di Ventimiglia, an Italian falconer who is an example of simplicity and sensitivity. In Brazil he does not know many falconers, only follows them from far, but the one that he admires more is the falconer Alex Teixeira. "Falconry itself has its foundations based on the hunting philosophy. Falconry over the years has evolved, has suffered many transformations, and I don´t want to be a neither a traditionalist nor a progressive, in order to avoid controversy, but I still prefer to understand that what I do in the park, for example, is not falconry. In the park I'm just a trainer of birds of prey, using falconry techniques. In November, when the hunting season is open, then I can say that I am a falconer, but I still believe I am far from it, yet."

He believes that the biggest problem we face in Brazil is the small amount of commercial breeders of birds of prey, which ultimately prejudices our falconry. And he is emphatic that it´s through biological control that we can achieve a legislation regulating Falconry in Brazil:

"Especially in Brazil, the biological control is a great ally for the" legalization "of falconry, because we are not dealing with falconry as hunting. In our country people tend to associate hunting with animal trafficking, which is something totally wrong. In Europe there are many people who use falconry techniques to biological control, and I believe that this work is very valid and important."

Concerning the environmental education, he believes to be extremely important, and this is exactly his current job at Zoomarine Park, which is similar to a Sea World of birds of prey, but more educational.

"Currently I work with my consulting and design company in Brazil, and in the Zoomarine here in Rome, Italy. It is a water park with dolphins, sea lions, seals, macaws, and I work in the sector of birds of prey. We make two presentations of flights per day, train falcons, eagles, owls, and marabou storks (Leptoptilos crumeniferus), with whom I have never worked, and I'm really enjoying this experience."

Italian and European Falconry

The European and Italian Falconry work in a peculiar way: without much theory and having experiences as the greater teacher. Few biologists or veterinarians dedicate themselves to this art in Europe, the opposite of what happens in Brazil:

"Falconry in Italy or in Europe is made by" lay people ": doctors, farmers, managers, field workers, in short, every ten falconers in Italy are neither biologists nor veterinarians (laughs). Things here are based on practice, better saying, by guessing. No one here knows any scientific names, technical terms, or weighs in the balance the food to see how many grams of meat the bird has metabolizes. I am not saying that all of these aren´t important, but that's how it works in Europe."

Golden Eagles

Mautone is an “Aquiliere” (a Falconer specialized in eagles), as they say in Italy, or an “Aguillero” in Spain. His first contact with the Golden eagle (Aquila chrysaetos) changed him forever:

"I met the first Golden eagle in a hunting meeting in Austria, after that I´ve never been the same. I studied, learned from an experienced "aquilieri" and got my first Golden eagle. It was a female of 5700 kilograms with a wing opening over 2mts, and the main challenge was managing her aggressiveness."

The training of a golden eagle is very specific and requires a high knowledge and constant dedication. At first glance he thought the recommendations were a bit exaggerated, but soon he realized that it´s really a great challenge:

"I always say what they told me: training a golden eagle is something totally different from anything in the world of falconry. At first I thought, "My God these people are so exaggerated ...", but when I started working on my eagle the first difficulties appeared. The most difficult is the question of aggressiveness and weight control, but above all in the confidence you need to have. That is, the main feature for me is the aggressiveness and strength in its claws, it´s an animal that does not think twice about attacking you, and can cause serious damage in you when it hooks its claws."

Golden´s Eagles training

He briefly explains how the training of this specie should be done:

"I will make a comparison: Bald eagles, for example, are difficult eagles to being trained, It´s an animal that in nature is always competing and fighting: fighting between them, and she will do the same to you, she will fight more and more to show you that she is the boss. Her wings are very strong, their impact is equivalent to a punch of a boxer, and she has a powerful beak and powerful claws. It´s a tiring job as it is an animal that likes to challenge you every day. I'm talking about the general characteristics, of course there are eagles with good behavioral characteristics, but I would like to stress on the Bald Eagle just to get an idea of the difference. If you do not "face" a Bald eagle, you will hardly have good results with her. I know closely a great aquilieri here in Italy, a Spaniard who flies the Bald Eagle of the Lazio team, , and he also trained eagles in Portugal, he´s a reference in Europe and he always tells me, "Leandro, these bald eagles are tremendous, if you show fear they command.

Returning to the subject of the Golden Eagle, it is a totally different world. They are extremely aggressive and treacherous animals. Manning is a major point for those who want to acquire a golden eagle, and patience is paramount. Unlike the bald eagle, the Golden eagles won´t tell you when they will attack you.

There are several techniques to train a golden eagle, but the base is to acquire an animal that was born from hunters parents. They are animals that need to be handled every day, and hunt frequently. I always use the technique of good manning, and then start the process of weight reduction. Even at this stage to keep a golden eagle with a high weight can disrupt the training, although it depends on each animal.

I believe that as just as we humans are different, so are the animals. I may be lucky enough to do a good job with an eagle or a hawk, as I can also do an unsatisfactory job, it is normal in the falconry world, each animal has its particularity, it doesn´t work like math."

Future He is currently participating in a project for the construction of an oceanarium in Brazil, where there will also be a space dedicated to the birds of prey. And to the future falconers, he leaves us the following recommendation:

"Study hard, always ask questions, asking never hurts, and above all practice. The theory, scientific names, etc. are important, but do not make you a falconer. Falconry is done with life, not only with science books."

Entrevista Leandro Mautone


Leandro Mautone vive entre Brasil e Italia. Ya há trabajado em Oltremare durante dos años, y ahora está trabajando en el Zoomarine, en Roma. Además de tener una increíble experiencia entrenando y cazando con aves de presa, es el feliz propietario de un águila real.

Filósofo

Mautone es licenciado en filosofía, y su formación por extraño que parezca le ayudó y todavía hace la diferencia en su trabajo. Un brasileño que vive entre Italia y Brasil, aprendió todo lo que sabe de la cetrería cuando se trasladó a Italia en 2007. Pero su pasión por el gran arte surgió de nuevo gracias a la película “Lady Halcón” de 1985. En esta época él vivía en Brasil y no encontró mucha información sobre la cetrería. Ya viviendo en Italia, su primer pájaro fue un cernícalo americano (falco sparverius). Hoy él tiene una águilla real, seguramente su especie favorita, pero como él dice: "Si you fuera era un cetrero 'de verdad', mi especie favorita seria el halcón peregrino jajaja."

Cetrería

Él no tuvo grandes dificultades para comenzar su trayectoria en la cetrería Italiana. El aprendió todo lo que sabe hoy trabajando y yendo al campo:

"Cuando empecé a trabajar con la cetrería fue en el control de la fauna silvestre, y luego entré en el parque para hacer demonstraciones de vuelo. He aprendido mucho con el trabajo que hago, yo vuelo águilas, halcones, búhos, halcones, buitres y “avvoltoio” que es un tipo de buitre africanos. Al principio fue muy difícil, pero luego todo se va, simplemente hay que perseverar. Es un trabajo gratificante y que me hizo crecer mucho ".

Para aprender él cree que lo más importante es ir muy frecuentemente al campo acompañado de un cetrero experto. Él no cree que solamente participar de los grupos de discusión sea suficiente para aprender este arte:

"Al principio siempre tenemos el apoyo de personas que están dispuestas a ayudarnos, y yo siempre he ido al campo en la temporada de caza. En mi opinión, está más que comprobado que esta manía de aprender cetrería por teléfono y Whatsapp no es suficiente, se necesita práctica: estar junto a personas que realmente entienden de cetrería, ir al campo, cambiar experiencias reales de campo, todo esto es lo más importante. Y creo que todavía estoy aprendiendo este noble arte, nunca se la deja de aprender, en realidad”.

Su mayor referencia en la cetrería es "El Maestro" Guglielmo di Ventimiglia, halconero italiano que es un ejemplo de sencillez y sensibilidad. En Brasil no conoce a muchos cetreros, sólo los acompaña desde lejos, pero admira muchísimo al cetrero Alex Teixeira.

"La cetrería en sí tiene sus fundamentos basados en la filosofía de la caza. La Cetrería a lo largo de los años se ha evolucionado, se ha cambiado. Yo no quiero ni ser un tradicionalista ni progresista para no causar controversia, pero yo prefiero entender que lo que hago en el parque, por ejemplo, no es cetrería. En el parque sólo soy un entrenador de aves rapaces que utiliza técnicas de cetrería. En noviembre, cuando la temporada de caza está abierta, ahí sí puedo decir que soy un cetrero, pero aún así creo que estoy muy lejos de eso todavía”.

Él cree que el mayor problema que enfrentamos en Brasil es la pequeña cantidad de centros de cría comerciales de aves de presa, lo que perjudica mucho a nuestra cetrería. Y es enfático que es a través del control biológico que conseguiremos una ley reguladora de la cetrería en Brasil:

"Especialmente en Brasil, el control biológico es un gran aliado para la" legalización "de la cetrería, porque no trata la cetrería como caza. En nuestro país, la gente tiende a asociar la caza con el tráfico de animales, que es algo totalmente equivocado. En Europa hay muchas personas que utilizan técnicas de cetrería para el control biológico, y yo creo que este trabajo es muy válido e importante".

Acerca de la educación ambiental, él cree que es extremadamente importante, y esto es exactamente su trabajo actual en el Parque Zoomarine, que es similar a un Sea World de las aves de presa, pero más educativo.

"Actualmente yo trabajo con mi empresa de consultoría y diseño en Brasil y en Zoomarine aquí en Roma, Italia. Es un parque acuático con delfines, leones marinos, focas, guacamayos, y yo trabajo en el sector de las aves de presa. Hacemos dos presentaciones de vuelos por día, entrenamos halcones, águilas, búhos, y Marabús africanos (Leptoptilos crumeniferus), con los cuales nunca había trabajado, y estoy realmente disfrutando de esta experiencia”.

Cetrería Italiana y Européia

La Cetrería Europea o italiana funciona de una manera peculiar: sin mucha teoría y teniendo las experiencias como la gran maestra. Pocos biólogos o veterinarios se dedican a este arte en Europa, lo contrario de lo que sucede en Brasil:

"La Cetrería en Italia o en Europa se hace por laicos: médicos, agricultores, gerentes, trabajadores del campo, en fin, a cada diez cetreros en Italia ningún es biólogo o veterinario (risas). Las cosas aquí se basan en la práctica, o más bien en las ‘corazonadas’ mismo. Aquí nadie sabe ningún nombre científico, términos técnicos, o pesan en la balanza la comida para ver cuántos gramos de carne el ave metabolizó. No estoy diciendo que esto no sea importante, pero es así que funciona en Europa”.


Águilas Reales

Mautone es un “Aquiliere” como se dice en Italia, o un Aguillero en España. Su primer contacto con el Águila real (Aquila chrysaetos) lo marcó para siempre:

"Conocí a la primera águila real en una salida de caza en Austria, después de este día yo nunca he sido el mismo. Estudié, aprendí con un "aquilieri" experto y compré mi primera águila real. Era una hembra de 5700 kilogramos con una abertura de ala más 2mts, y el principal reto fue la gestión de su agresividad".

El entrenamiento de una águila Real es muy específico y requiere un alto grado de conocimiento y una dedicación constante. Al principio pensó que las recomendaciones se exageraron un poco, pero pronto se dio cuenta de que en realidad es un gran reto:

"Siempre digo lo que me dijeron: entrenar a un águila real es algo totalmente diferente a cualquier cosa en el mundo de la cetrería. Al principio pensé, "Dios mío, como la gente exagera...", pero cuando empecé a trabajar en mi águila vinieron las primeras dificultades. Lo más difícil es la cuestión de la agresión y el control del peso, pero sobre todo la confianza que se necesita tener. Es decir, la característica principal para mí es la agresividad y la fuerza en las garras, es un animal que no piensa dos veces antes de te atacar, y te puede causar un daño grave cuando ataca."

El entrenamiento de las Águilas Reales

Él explica brevemente cómo se debe realizar el entrenamiento de esta especie:

"Voy a hacer una comparación: las águilas calvas, por ejemplo, son águilas difíciles de entrenar. Es un animal que en la naturaleza siempre está competiendo, peleando entre ellas, y ella hará lo mismo contigo, va a luchar y luchar para demostrar que ella es la jefa. Sus alas son muy fuertes, su impacto es equivalente a un golpe de un boxeador, tiene un poderoso pico y las garras muy fuertes. Es un trabajo agotador, ya que es un animal que le gusta desafiarte todos los días. Estoy hablando de las características generales, por supuesto hay águilas con buenas características de comportamiento, pero me gustaría hacer hincapié en las águilas calvas sólo para tener una idea de la diferencia. Si no se enfrenta un águila americana, difícilmente tendrá buenos resultados con ellas. Conozco mucho a un gran aquilieri aquí en Italia, un español que vuela El águila americano del equipo Lazio, y que entrenó águilas en Portugal, y es una referencia en Europa y él siempre me dice, "Leandro, estas águilas calvas son muy difíciles, si demuestras miedo ellas te dominan.

Volviendo al tema del águila real, es un mundo totalmente diferente. Ellas son animales extremadamente agresivos y peligrosos. El manejo es un punto importante para aquellos que desean adquirir un águila real, y la paciencia es primordial. A diferencia del águila americana, las águilas reales e no te dicen cuando te atacan.

Existen varias técnicas para entrenar a un águila real, pero la base es adquirir un animal nascido de padres cazadores. Son animales que necesitan ser manejados cada día, y cazar con frecuencia. Yo siempre uso la técnica Del buen manejo, a continuación inicio el proceso de reducción de peso. Mismo en esta etapa, mantener un águila real con un peso elevado puede interrumpir el entrenamiento, pero eso depende de cada animal.

Tengo la siguiente opinión, que al igual que los seres humanos somos diferentes, también lo son los animales. Puede que yo tenga la suerte de hacer un buen trabajo con un águila o un halcón, como también puedo hacer un trabajo insatisfactorio, es normal en la cetrería, cada animal tiene su particularidad, no funciona como en la matemática".

Futuro

Actualmente está participando en un proyecto para la construcción de un oceanario en Brasil, donde también habrá un espacio dedicado a las aves de presa. Y para los futuros cetreros, él nos deja la siguiente recomendación:

"Estudia mucho, siempre pregunta, preguntar es siempre importante, y sobre todo practica. La teoría, nombres científicos, etc., son importantes, pero no te convierten en cetrero. La Cetrería se realiza con la vida, no solamente con los libros de ciencia."


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