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Foto do escritorKátia Boroni

Falcoaria com Açor e Cães

Atualizado: 21 de out. de 2020



Continuando a série sobre falcoaria com cães, hoje o texto traduzido é sobre o uso de cães com açores. Enquanto com algumas espécies de aves de rapina o uso do cão é opcional, no caso dos açores ele é extremamente necessário, sendo que o seu não uso faz com que se percam muitas oportunidades e presas. O texto cita as melhores raças de cães para serem usadas com os accipters, e ao final da tradução eu fiz um resumo sobre cada uma das raças citadas no texto. Aproveitem a leitura!

Caçando com Cães e Açores

Tradução de: Hawking with Dogs


A palavra único é muitas vezes mal utilizada, mas não quando se refere a incrível relação entre falcoeiro, cão e pássaro. O sucesso vem somente se todos os três combinam juntos como uma equipe; É uma parceria que depende de mútua confiança, respeito e experiência.

Há um pouco de discordância entre “austringers” (o termo correto para aqueles que voam gaviões em oposição a falcões) que o açor é a mais perfeita ave de rapina para caça. Seu tamanho fornece a energia para uma aceleração explosiva que lhe permite pegar um faisão subindo ou uma lebre galopante, mas se a ave quer pegar sua presa, então é necessário que se dê a ela uma oportunidade razoável. É aqui que entra o cão. Um bom, sólido “aponte” do cão permite que o falcoeiro se aproxime da presa perto o suficiente para ser capaz de lançar a ave com alguma chance de sucesso. O voo do gavião é julgado pela sua distância e qualidade (a captura não é vital), por isso a ave parte do punho de uma distância que dá uma chance esportiva a sua presa.


Enquanto o açor possa ser a máquina de voo mais incrível, há um debate considerável sobre qual é a melhor raça de cão para acompanhá-lo, mas a maioria dos “austringers” concordam que é um pointer continental de algum tipo. As raças mais populares são: o Braco alemão de pelo curto, o Braco alemão de pelo duro e o Spaniel bretão; todos os três caçam com paixão e apontam de forma sólida e confiável. A última coisa que um austringer ou falcoeiro quer é um cão que “retrieves”, ou seja, que recupera (a imagem de um pointer com um açor em sua mandíbula é a essência dos pesadelos) então, pelo menos em teoria, isso torna o treinamento do cão um pouco mais fácil.


Os melhores cães da raça Spaniel bretão que eu já vi estavam sendo usados na falcoaria e não na caça com arma de fogo. Esta raça é muitas vezes relutante em recuperar, tornando-a ideal para trabalhar com rapinantes. Alguns anos atrás, em uma incursão de Falcoaria no Suffolk Brecks, eu conversei com Tim Stafford, o proprietário de um Spaniel bretão. Ele me disse que sua escolha do cão foi parcialmente ditada pelo fato de que ele vivia em uma pequena casa onde não há espaço para um pointer alemão. Stafford me disse então que ele era presidente de um clube de caça, então ele também já tinha atirado por cima do cão. "Ela entra em um modo completamente diferente quando eu chego com a arma ao invés da ave. Se ela está trabalhando por si própria ela irá apontar, mas não se ela estiver na linha de tiro. Ela é muito boa em recuperar presas que escapavam, mas ela não se interessa por aves mortas", diz ele.


Há uma etiqueta rígida quando você voa açores: duas aves nunca são voadas ao mesmo tempo, já que há sempre o risco de que uma poderá tentar matar a outra. No entanto, é normal usar dois ou mais cães ao mesmo tempo, muitas vezes dando a possibilidade de comparar os estilos de caça e habilidade de várias raças. Se um cão aponta, em seguida, é esperado que o segundo cão para honrar esse aponte e o apoie. Os cães que não conseguem fazer isso são merecidamente impopulares. Houve um Braco alemão de pelo duro que falhou em apoiar o aponte na minha última saída à campo na temporada passada, levantando a ira dos outros falcoeiros, pois era evidente que o cão estava caçando por si mesmo, não para seu mestre ou ave. Mais treinamento foi claramente necessário.

Para tanto o austringer e o falcoeiro, o voo do pássaro é muito mais importante do que o trabalho do cão. Este último pode ser vital para o sucesso, mas a caça do cão é um meio para um fim, e não algo a ser particularmente comentado, por mais impressionante que seja.

Muitos falcoeiros Ingleses trabalham seus cães com coleiras elétricas: controlar um cão rebelde quando você tem um açor em seu punho não é fácil. Em uma saída à campo na temporada passada, notei que quatro dos cinco cães usados estavam equipados. No entanto, logo se tornou evidente que os colares foram raramente usados, e mesmo assim nas configurações mais baixas. Um manipulador me disse que ele soltava sua Spaniel bretão com um colar elétrico porque não era incomum perde-la quando ela estava apontando. Dois sinais sonoros da coleira elétrica a trazia de volta.


Ao sair para caçar, os açores estão sempre sem o capuz e são voados a partir do punho. Olhe para o gavião e você vai ver que ele está observando o cão ou cães com uma intensidade de concentração que corresponde ao olhar de Djokovic esperando o serviço de Nadal. Um gavião experiente sabe exatamente o que significa um aponte e se prepara em conformidade com ele, enquanto o cão também parece perceber que ele está trabalhando para o gavião. Cães e gaviões logo desenvolvem um respeito mútuo e tolerância um para com os outros, já que os dois entram em contato frequente. Isso é mais evidente após um voo bem sucedido, quando é esperado que o cão se sente pacientemente enquanto o gavião recebe a sua recompensa.

Um falcoeiro experiente me disse que ele considerava voar um açor sem um cão como um completo desperdício de tempo como: "Você perderá tantas presas e tantas oportunidades." No entanto, muitos falcoeiros que voam gaviões asa de telha o fazem sem a assistência canina, e, portanto não é incomum que essas aves de rapina norte-americanas tenham uma aversão a cães e se recusarem a trabalhar com eles. Ao contrário dos açores, os gaviões asa de telha são frequentemente voados em pares, pois na natureza eles são caçadores sociais, que trabalham cooperativamente. Eles podem ser facilmente treinados para seguir o falcoeiro, ao invés de serem lançados do punho.

Nem todos os gaviões asa de telha tem uma aversão a cães. The Gleneagles Hotel costumava oferecer excursões de falcoaria para seus hóspedes, caçando coelhos com parabuteos e cocker spaniels. Eu participei de uma destas saídas há alguns anos atrás e gostei de ver os gaviões e cães de caça em conjunto; eles pegaram alguns coelhos também. Existe uma regra implacável, confirmada por todas as minhas experiências na falcoaria: bons cães fazem boas aves de rapina. Se o cão não for acima do padrão, então é pouco provável que o rapinante faça muitos voos satisfatórios e a bolsa do falcoeiro terá uma maior probabilidade de permanecer vazia.


Treinando Pointers


Raças de Cães de Aponte

Fonte: Wikipedia / fotos: Wikicommons





Referências:

https://www.youtube.com/watch?v=Yq93d4rRi4w


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