Ao se olhar algumas espécies de coruja, como o corujão orelhudo ou a Megascops asio, percebemos umas “orelhinhas”, que na verdade são apenas tufos de penas semelhantes à orelhas. Quando se olha uma coruja de igreja ou uma coruja lapônica, o que mais chama a atenção é a sua carinha de coração. Isto se chama disco facial, e na verdade tem uma função muito mais importante do que estética: canalizar os sons e auxiliar a localização de sua presa!
Então como são as orelhas/ouvidos de uma coruja? Isso vai depender da espécie da coruja, mas em termos gerais a principal característica dos seus ouvidos é a sua disposição assimétrica no crânio. Isso quer dizer que um ouvido fica em posição superior ao outro, e isto tem um objetivo muito claro: ajudar na localização de sua presa.
Para saber um pouco mais sobre a fascinante fisiologia das corujas, o International Owl Center, um centro americano que se dedica a estas aves de rapina noturnas, nos mostrou em fotos como os ouvidos de algumas espécies são bem diferentes uns dos outros.
O Internacional owl center é um centro em Houston, Minnesota, EUA especializado em corujas que une turismo e educação ambiental. Como faltam informações detalhadas sobre as diferentes espécies de coruja na literatura especializada, o centro realiza estudos com corujas encontradas mortas, com as devidas autorizações legais. Recentemente eles dissecaram quatro espécies de corujas e começaram a estudar as suas diferenças fisiológicas. Os exemplares eram das espécies:
corujão-orelhudo (bubo virginianus, Great Horned Owl)
Barred Owl (Strix varia)
Eastern Screech-Owl (Megascops asio)
mocho pequeno (Asio otus, Long-eared Owl).
Neste primeiro momento o objetivo dos pesquisadores era analisar as diferenças fisiológicas dos ouvidos entre as espécies citadas acima. Já era sabido que algumas espécies de corujas tem uma assimetria muito grande, como no caso da espécie (Aegolius acadicus, Northern Saw-whet), cuja disposição de seus ouvidos é tão assimétrica que seu crânio é visivelmente assimétrico também. Já outras espécies de corujas (tyto alba, bubo virginianus e strix nebulosa) não mostram uma assimetria tão óbvia. As descobertas foram surpreendentes.
Megascops Asio
Seus ouvidos são grandes se comparados aos de outras aves, porém não são tão grandes em comparação com as demais espécies de corujas. Pelas fotos divulgadas no site do Internacional Owl center podemos perceber também o tamanho do globo ocular das corujas. Os olhos das corujas são gigantescos em relação ao seu crânio, e por isso são visíveis ao olharmos o interior de seus ouvidos. Nas fotos podemos perceber seus globos oculares como uma massa azulada. Interessante que o cérebro de uma coruja é bem pequeno, tem o tamanho de apenas um de seus olhos. Esta espécie não tem uma assimetria entre a posição de seus ouvidos tão pronunciada.
bubo virginianus
Em tamanho real seus ouvidos são maiores do que os da Megascops asio, mas provavelmente não em proporção ao tamanho de suas cabeças. As orelhas externas parecem estar colocadas mais ou menos no mesmo nível ao lado das suas cabeças.
Strix Varia
Os ouvidos da Strix varia ocupam uma boa parte do lado de sua face. Ao contrário da grande coruja orelhuda e da Megascops asio, a Strix varia tem uma aba de pele que cobre a abertura do ouvido. A função desta aba provavelmente seria tanto para bloquear sons indesejados, quanto para ajudar na canalização do som aos seus ouvidos. Elas dependem mais da audição na hora da caça do que as corujas bubo virginianus. Foi percebida uma pequena assimetria nas aberturas de seus ouvidos.
Asio Otus
É o caso mais surpreendente de assimetria entre as corujas analisadas. A fenda da orelha no lado de sua cabeça começa na parte inferior, perto de sua mandíbula, e vai até quase até o topo de sua cabeça, em ambos os lados. Não parece ter muita pele que mantém seus rostos juntos, de acordo com os pesquisadores! O azul na foto é o globo ocular, e o resto mostra o crânio e como as aberturas das orelhas estão inseridas no crânio. As aberturas da orelha são CLARAMENTE diferentes umas das outras, com uma inserção mais baixa no crânio e a outra superior. Elas também têm uma aba longa e fina de pele, coberta com penas nas bordas, que podem cobrir a abertura inteira.
Referências:
imagens: Wikipedia
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