Quando pensamos em falcoaria imediatamente o gavião asa de telha (parabuteo) vem à nossa mente, mas apesar dele ser a ave mais popular voada hoje em todo o mundo, são várias as espécies usadas na falcoaria mundial com comprovada eficácia para o esporte. O site The Modern Apprentice nos traz uma lista das espécies mais comuns na falcoaria, então vejamos a seguir quais são elas.
Antes vale a pena recordar a diferença entre as ordens Falconiformes e Acciptriformes, de acordo com William Menq, no site Aves de Rapina Brasil:
“A Ordem Falconiformes é composta por uma única família, a Falconidae, representada pelos falcões e caracarás. Possuem formas e hábitos variados, distinguindo-se dos Accipitriformes em vários aspectos. Matam suas presas com o bico e não com as garras, possuindo um rebordo em forma de “dente” na parte superior do bico, usado para seccionar a medula espinhal de suas vítimas. Não constroem ninhos (exceto os caracarás), geralmente aproveitam ocos de árvores ou ninhos abandonados. Baseando-se em características morfológicas, ecológicas e etológicas, dividimos os Falconiformes brasileiros em três grupos: os falcões propriamente ditos (gênero Falco), os falcões-florestais (Micrastur eHerpetotheres), e os caracarás (Caracara, MIlvago, Daptrius e Ibycter)."
"A ordem Accipitriformes é composta por uma grande variedade de rapinantes diurnos de tamanhos variados, em geral possuindo bicos fortes e garras afiadas, nas quais utilizam para matar suas presas. Destacam-se também pela visão bastante aguçada, sendo capazes de localizar presas a grandes distâncias. Ocorrem em todas as regiões do planeta, exceto na Antártida, distribuídos em todos os tipos de habitats: florestas, savanas, desertos, áreas montanhosas até centros urbanos. A maioria dos Accipitriformes possuem uma expectativa de vida muito elevada, vivendo em média de 15 a 30 anos na natureza. Em geral, a fêmea é maior e mais pesada que o macho, e muitas espécies estabelecem relações monogâmicas. São geneticamente distantes dos Falconiformes, também se distinguem deles em algumas características comportamentais e morfológicas, como nas técnicas de construção de ninhos (muito primitivas nos Falconiformes), diferenças na anatomia do esqueleto, e etc. A ordem é composta pelas famílias Sagittaridae, Pandionidae e Accipitridae. Considerando uma série de aspectos morfológicos, etológicos e ecológicos, informalmente dividimos os Accipitriformes brasileiros em oito grupos: águias-buteoninas (Geranoaetus e Urubitinga), águias-pescadoras (Pandion), águias-açores (Spizaetus), harpias (Harpia e Morpnhus), gaviões-planadores (subfamílias buteonines e subbuteonines), gaviões-milanos (subfamílias milvine, pernine e elanine), açores (Accipiter) e tartaranhões (Circus).”
Falconry Birds (Aves usadas na Falcoaria)
Lydia Ash no site The Modern Apprentice nos traz a seguinte lista com as aves mais populares entre os falcoeiros:
Gaviões (Hawks)
Buteo swainsoni - Swainson's Hawk - Gavião-papa-gafanhoto
Buteo lineatus - Red Shouldered Hawk
Buteo jamaicensis - Red Tailed Hawk – Búteo de cauda vernelha
Buteo regalis - Ferruginous Hawk - Gavião ferrugem
Accipters
Accipiter striatus - Sharp Shinned Hawk – Gavião miúdo
Accipiter nisus - Eurasian Sparrowhawk – Gavião da europa
Accipiter cooperii - Cooper's Hawk – Falcão do tanoeiro
Accipiter gentiles - Goshawk - Açor
Águias
Aquila chrysaetos - Golden Eagle – Águia dourada
Falcões
Falco sparverius - American Kestrel – falcão quiriquiri
Falco tinnunculus - European Kestrel – falcão peneireiro
Falco columbarius - Merlin - esmerilhão
Falco femoralis - Aplomado Falcon – falcão de coleira
Falco mexicanus - Prairie Falcon - Falcão da Pradaria
Falco peregrinus - Peregrine Falcon – falcão peregrino
Falco cherrug - Saker Falcon – falcão sacre
Falco rusticolus - Gyrfalcon – falcão gerifalte
Falco biarmicus - Lanner Falcon – falcão lanário ou borni
Casos especiais
É a espécie de ave de rapina mais popular da falcoaria mundial. Originária do sudoeste americano, esta ave trabalha em grupo e é altamente social, algo não comum entre as aves de rapina. Por este comportamento é chamada por muitos de lobo alado. É uma excelente escolha como primeira ave para os aprendizes, sendo recomendada tanto pela falcoaria americana como na europeia nestes casos. É considerada a mais divertida ave de se voar, normalmente os falcoeiros vão ao campo em grupos e voam juntos seus parabuteos. Os gaviões asa de telha tem muito em comum com os Red-tails, búteo-de-cauda-vermelha (Buteo jamaicensis), outra ave também muito popular.
Corujas??
As corujas tem sido utilizadas na falcoaria com variada taxa de sucesso. De acordo com Lydia Ash, isso varia muito segundo as suas espécies. A bufo-real (bubo bubo) é mais comum na Europa e mais usada como uma “ave de display” (display Bird), do que como uma companheira de caça. Porém o corujão-da-virgínia ou corujão-orelhudo (bubo virginianus), tem sido usada também para a caça. Pelo estilo de caça silencioso e noturno, as corujas em todo o mundo são mais utilizadas como pets ou para a educação ambiental e trabalhos publicitários.
Ospreys??
Ospreys são conhecidos em português como águia-pesqueira ou águia-pescadora (Pandion haliaetus). É uma espécie que segundo Lydia Ash causa muita curiosidade no meio da falcoaria sobre seu potencial para o esporte, porém ela relata que até então apenas um falcoeiro realmente conseguiu caçar com esta espécie.
Há sempre falcoeiros interessados em testar o potencial de algumas espécies de aves de rapina no esporte, porém nem sempre isso é possível devido à legislação de cada país.
No Brasil
As espécies mais usadas na Falcoaria no nosso país são:
Parabuteo unicinctus - gavião asa de telha
Falco femoralis - falcão de coleira
Falco peregrinus - falcão peregrino
Falco sparverius - falcão quiriquiri
Falco cherrug - Falcão Sacre **
Graças a recentes importações de aves de rapina da Europa, exemplares de falcões sacre já são usados em controle de fauna em aeroportos no Brasil. Esta espécie ainda não é comercializada pelos criadouros Brasileiros.
O Falco sparverius é pouco usado em trabalhos de controle de fauna devido ao seu pequeno porte, sendo possível, porém o seu uso no controle de pardais em galpões.
Na reabilitação de aves de rapina os falcoeiros lidam com muitas espécies de aves nativas que não estão na lista acima, pois são aves resgatadas pelos órgãos ambientais. Após a avaliação da ave, se for possível a sua reabilitação, ela será condicionada utilizando as técnicas da falcoaria, e depois devolvida ao seu habitat natural.
Até a próxima e bons voos!
Kátia Boroni
Referências
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